Que alternativas ao gás russo tem a União Europeia?
De acordo com dados estatísticos, 25% do consumo energético da Europa provém do gás natural, o que a torna na segunda maior fonte de energia, atrás apenas do petróleo. A União Europeia (UE) é o maior importador de gás e o terceiro maior consumidor de energia do mundo. Esta situação aprofunda a sua dependência de um pequeno grupo de fornecedores, sendo a Rússia o mais importante em volume e proximidade, após anos de gás de qualidade relativamente barata.
Desde a década de 1970, a Europa começou a importar gás russo em grande escala, e ao longo dos anos o volume só tem aumentado. A guerra da Rússia contra a Ucrânia desencadeou tensões entre o gigante russo e a União Europeia, devido às sanções que a UE impôs face à invasão.
Esta semana desde Globalsyde apresentamos os principais problemas gerados na Europa relativamente à importação de Gás Natural e as principais soluções que planeiam resolver o problema.
Dependência da UE em relação ao gás russo
A União Europeia produz 38% do seu consumo de gás e importa 62%. As importações chegam ao continente através de gasodutos e na forma de gás natural liquefeito (GNL). Destas importações, a Rússia é o fornecedor de 80% do gás que chega por gasoduto e dos 20% que chega em forma de GNL. Isto faz da Rússia o maior fornecedor de gás para a Europa.
Desde 2020, a Rússia tem procurado diversificar a sua carteira de clientes de gás, reduzindo o seu bombeamento de gás para a Europa e confiando principalmente nas exportações para o continente asiático, especificamente para a China. Após o início da guerra na Ucrânia e as sanções económicas impostas à Rússia, as exportações de gás russo para a UE declinaram, com alguns analistas a apontarem o gás como uma arma da atual geopolítica. Não surpreendentemente, a empresa estatal russa Gazprom anunciou em Julho que o fluxo diário de gás fornecido pelo gasoduto principal que liga a Rússia à Alemanha será reduzido para 20% a partir de agora, como podemos ver no gráfico. Esta situação acrescenta mais pressão às previsões de aprovisionamento dos países europeus para o próximo Outono e Inverno, o que poderá ter um grande efeito no mercado do gás e, por extensão, no mercado energético europeu nos próximos trimestres.
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O Plano Energético da UE para eliminar dependência do gás russo em 2030
As medidas de represália energética da Rússia em resposta às sanções económicas internacionais estão a tornar cada vez mais imperativa a redução da enorme dependência dos países europeus do gás russo.
Face a esta situação preocupante, a Comissão Europeia propôs um plano energético para se tornar completamente independente do gás russo por volta de 2030. Este plano envolve 220 mil milhões de euros de investimento e baseia-se em três aspetos principais:
- Redução do consumo de energia. Na sequência do plano de descarbonização, o objetivo é aumentar a eficiência energética e acelerar a redução do consumo de energia, tanto na indústria como nos lares. Esta medida visa reduzir o consumo de gás em até 30%.
- Compromisso com as energias renováveis. O objetivo é cobrir 45% das necessidades energéticas em 2030 com energias renováveis. Para atingir esta percentagem, uma grande parte do investimento do plano europeu será destinada à instalação de parques solares e eólicos.
- Exploração de outras fontes de gás. A UE afirma que cerca de 2/3 da dependência do gás russo poderia ser reduzida em apenas um ano se, por um lado, as rotas dos gasodutos de países como o Azerbaijão, Argélia e Noruega fossem aumentadas, e por outro, as relações com a Nigéria, Senegal e Angola fossem intensificadas. Além disso, espera-se que estas importações de gás natural sejam complementadas por GNL de países como o Qatar, os EUA e o Egito.
Gás Natural Liquefeito, a alternativa mais imediata
A Comissão Europeia vê as importações de GNL como uma das soluções a mais curto prazo para reduzir a dependência do gás russo. Segundo dados da CEDIGAZ, de Janeiro a Maio de 2022, as importações europeias de GNL foram em média 66% superiores à média anual em 2021. A Alemanha, o país com maior dependência da Rússia, anunciou recentemente a construção de três terminais de importação de GNL.
Em 2021, a Austrália dominou as exportações de GNL, seguida de perto pelo Qatar e com os Estados Unidos (EUA) em terceiro lugar, como mostra a figura abaixo. Contudo, desde 2022, os EUA intensificaram os carregamentos de GNL para a Europa para satisfazer a elevada procura e acalmar os mercados, e já é o maior exportador mundial de GNL. A União Europeia representa 71% do total do GNL vendido pelos EUA.
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Qual é o desafio a curto prazo da UE em matéria de GNL?
Sendo as importações de GNL a medida de curto prazo mais viável para reduzir as importações russas e os cortes no abastecimento, a União Europeia enfrenta o seu principal desafio para atingir o seu objetivo: infraestruturas.
A transformação do GNL em energia requer a construção de infraestruturas e instalações de regaseificação para armazenamento, distribuição e transporte. Mais de 50% das 49 instalações de regaseificação estão localizadas em Espanha, Portugal e no Reino Unido. Isto é um problema devido à falta de conectividade, na forma de gasodutos, destes países com o resto dos países europeus. Com as atuais infraestruturas, estes três países não seriam capazes de cobrir mais de 10% do consumo europeu.
A Espanha é um dos países mais bem preparados para a importação e distribuição massiva de GNL, com 6 terminais operacionais. Segue-se a França e a Turquia com 4 respectivamente, e a Itália com 3 e outros 3 em desenvolvimento.
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Considera que a Europa será capaz de reduzir de forma significativa a sua dependência do gás russo antes de 2030? O plano elaborado pela Comissão Europeia vai ser implementado? Quão fácil será expandir a carteira de fornecedores? E, acima de tudo, os mercados do gás e da energia vão continuar tensos? Estas são perguntas que veremos num futuro próximo, embora a situação seja tão complexa e imprevisível que parece não haver uma resposta clara a estas perguntas.
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